terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Mada - Música Alimento da Alma está de volta

Lembram do Festival Música Alimento da Alma (Mada)? Ele volta este ano. A notícia ruim é que a promessa de dois festivais em 2011 para compensar o cancelamento em 2010 ficou inviável. “Condensaremos tudo em um evento com mais qualidade. A chuva nesse primeiro semestre poderia atrapalhar”, adiantou o produtor Jomardo Jomas. A data e local já foram definidos: 23 e 24 de setembro, na mesma Arena do Imirá das últimas edições. “Está tudo encaminhado. Próxima semana divulgarei os detalhes”.

Jomardo preferiu confirmar as atrações para só então divulgar. Mas adiantou alguns interesses para compor o espaço de bandas independentes do Festival. Um deles é o novo fenômeno musical das redes sociais: os curitibanos A Banda Mais Bonita da Cidade. “Eles repetem o que ocorreu há alguns anos com Mallu Magalhães e refletem o novo momento: quando Mallu despontou foi pelo myspace, apenas pelo som. Agora temos som e as imagens da banda no youtube. Esses fenômenos vão sempre aparecer”.

Marcelo Camelo, o multifacetado Marcelo Jeneci, Tulipa Ruiz, as paulistanas Luísa Maita e Cibelle, e a banda Fino Coletivo foram outras atrações citadas por Jomardo. “Temos total interesse nesses nomes. Fechamos a data ontem e amanhã (hoje) passo o dia em contato com as bandas”. Esse “novo momento” vivenciado no cenário musical em razão das redes sociais, downloads e uma espécie de independentes emergentes também reflete a preocupação de Jomardo na conceituação do Mada. 

“A renovação dos ditos festivais independentes se faz necessária. Antigamente dominavam o cenário. Mas temos aí o Rock in Rio voltando, o SWU, o Planeta Terra – festivais grandes que atraem grande público. Se ficarmos presos aos guetos seremos engolidos. É preciso expandir horizontes. O público gosta de ver atrações populares, também. É um modo de atrair investimento, público. Sempre apresentamos essa variedade e tem dado certo”, se orgulha.

Jomardo promoveu a primeira edição do Mada há 13 anos, ainda no Largo da Rua Chile (Ribeira). De lá pra cá, mantém a fórmula da mescla entre música independente e atrações populares. A cada edição um público numeroso, presença de grandes nomes da música nacional e talentos revelados. Foi o caso de Pitty, Detonautas (RJ), Autoramas (RJ), Cabruêra (PB), e outros que pisaram o palco do Mada e depois ficaram conhecidos no Brasil. Desde a 6º edição, atrações internacionais também integram a programação.

Potiguares confirmados
As únicas atrações confirmadas por Jomardo foram as bandas Planant e Pedubreu. “Essas são certeza. De resto, é escutar, pesquisar, convidar e executar”. As bandas locais são escolhidas geralmente de acordo com o herdline do festival. Uma das mais populares do atual cenário local figurou algumas vezes no Mada. De lá pra cá, o DuSouto já conseguiu espaço em outros festivais consagrados do universo independente, lançou CD, elogios da crítica e ainda esperam a projeção nacional.

“As participações no Mada não alavancam a carreira de ninguém. Nem o Mada nem qualquer outro festival. E no início eles apostavam mais na vinda de jornalistas e críticos especializados da mídia nacional”, opina o contrabaixista e vocalista da banda, Paulo Souto. “Acredito mais na sorte, nos contatos certos, no bom trabalho realizado pelo artista. O Mada ajuda. Mas veja: já trabalhamos há algum tempo e ainda dependemos da visibilidade de outros festivais; do Abril Pro Rock e outros”.

Questionado a respeito da ascenção de outros artistas, o músico foi enfático: “Com nós não aconteceu”. E frisou a questão do horário cedido às bandas locais. “Esse pessoal toca em um puta horário. O melhor horário que nos deram foi às 22h30. 

“Fomos punidos porque demos certo”
O motivo do cancelamento do Mada 2010 já foi resolvido. Os patrocínios este ano já estão “encaminhados”, segundo Jomardo. A Lei de Incentivo à Cultura Câmara Cascudo ainda viabiliza parte do evento, mesmo com redução consecutiva da porcentagem do patrocínio. “O que chamam de ‘desmame’ não consta na Lei, mas faremos com o que foi autorizado. E já fomos atrás de outros patrocínios e o evento vai acontecer”. 

Os R$ 500 mil de verba para o Mada, via lei de incentivo cultural captados junto à iniciativa privada, decresceram nos últimos quatro anos para R$ 300 mil, R$ 200 mil e “este ano me deram a perspectiva de corte de 75%. Eu ficaria com R$ 40 mil para produzir o Mada. A alegação é que o evento já é um sucesso e se banca sozinho. Nenhum festival de música do país consegue isso. O SWU captou R$ 7 milhões pela Lei Rouanet”, lamentou o produtor.

Jomardo reclamou ainda da “perseguição implacável” do Conselho Estadual de Cultura contra o que julgam ser um evento já lucrativo e sem necessidade de apoio governamental. “Fomos punidos porque demos certo. Quando começamos ninguém nem sabia da existência de música independente na cidade. Trouxemos o Multishow, a MTV, projetamos o Rio Grande do Norte para o Brasil”. O produtor cita a programação paralela promovida com recursos do Festival, a exemplo do Festival de Cinema, com o Anima Mundi, Mostra de Diversidade Sexual e o Curta Natal, afora ajuda de custo a bandas locais.

“São eventos gratuitos que levamos também às comunidades carentes. Isso não é democratizar a cultura?”, pergunta, e complementa: “Não quero ajuda. A lei é para todos. Quero trabalhar sem esse processo desgastante para aprovar o projeto e com orçamento decrescente. Parece que testam nossa paciência”, desabafa.

DN via PC.

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