quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Algumas dicas de português com o professor Sílvio Augusto




MAIS da vírgula!

Já percebi que você concorda comigo em relação à importância da vírgula para a compreensão da mensagem. Por isso, creio na insistência saudável sobre esse item em nosso espaço aqui, a fim de juntos eliminarmos algumas dúvidas que, vez por outra, perturbam o nosso “juízo”. [rsrs]
Vamos imaginar que quiséssemos omitir, ou seja, não deixar visível, uma expressão dentro do texto. Como faríamos isso? Ora, podemos fazer uso de um recurso chamado ELIPSE ou especificamente ZEUGMA, que significa AUSÊNCIA e, como você sabe, só pode haver ausência se um dia houve presença, não é mesmo? Então, numa frase assim: Ex.: Alguns ESTUDAM diariamente; outros, semanalmente.
OBSERVE que após a expressão OUTROS, houve uma VIRGULA, em lugar do verbo antecedente, indicando um caso de ELIPSE DO VERBO “ESTUDAM”, isso permite um enxugamento no texto, tornando-o sintético E OBJETIVO, sem perder a CLAREZA. Percebeu isso?
Para não perder “a viagem”, leve em conta também que a VÍRGULA PODE INDICAR DESLOCAMENTO DE UM TERMO na oração, e – quando isso acontece – chamamos de DESLOCAMENTO SINTÁTICO. É um recurso para mostrar ao leitor que um dos termos da oração sofreu mudança de posição, podendo alterar o seu sentido. É um ALERTA ao leitor.
Ex.: “QUANDO VOCÊ FOI EMBORA, fez-se noite em meu viver…” [Veja que esse fragmento destacado é uma expressão adverbial, que normalmente ficaria no final do período, mas foi transposto para o INÍCIO, necessitando da vírgula para demonstrar esse DESLOCAMENTO. É assim que DEVE SER, deixando o leitor inteirado de sua mensagem].
Bem, por hoje, é só! [Sim, você viu aqui a expressão POR HOJE entre vírgulas? É uma situação ADVERBIAL também fora de sua posição normal, por isso ficou com as VÍRGULAS! ]

Saiba MAIS sobre “anexo” e “em anexo”

Pode acreditar: o termo ANEXO é adjetivo VARIÁVEL e concorda com o termo a que se refere. Veja como funciona essa concordância:
Ex.: Os documentos seguem anexos. Ou assim:
Ex.: As certidões estão anexas aos documentos.
Já quanto ao termo EM  ANEXO, pode crer: trata-se de expressão INVARIÁVEL, em gênero e em número, isso significa que não importa qual seja a outra palavra,  observe nestes exemplos:
Ex.1: Os documentos seguem EM ANEXO.
Ex.2: As certidões já foram EM ANEXO.
Então, NÃO ESQUEÇA: Jamais empregue a expressão EM ANEXO no plural ou no feminino. Isso ficou bem claro?

Por que dizer “MUITO OBRIGADO(A)”?

Sabe-se que muita gente diz essa expressão sem sequer saber o porquê, não é mesmo? Alguns chegam a reduzir a última palavra substancialmente, criando novos termos como “brigado(a)”, “obg.” e até variações como “brigadinho”, “brigadão”, brigaduuu” e assim por diante. Isso demonstra o quanto já se desviou da forma original que muitos desconhecem.
Houve um tempo na história dos agradecimentos entre as pessoas em que QUANDO ALGUÉM RECEBIA UM FAVOR OU UM PRESENTE DE ALGUÉM, dizia-se que o receptor agraciado com esse favor ou presente estava OBRIGADO A RETRIBUIR  o que tivesse recebido. Ora, ao receber o presente, ouvir que o receptor se sentia na obrigação de retribuir o presente gerava a “necessidade” de dizer também que ele não tinha OBRIGAÇÃO DE NADA, ou seja, era uma maneira de tentar desobrigar o receptor de retribuir a gentileza feita. A expressão completa era “SINTO-ME OBRIGADO(A) A RETRIBUIR ESSE PRESENTE” ; o que foi vaariando até chegar ao que se diz atualmente, uma forma cheia de alternativas.
Agora, aqueles que não se sentem nessa “OBRIGAÇÃO”, de modo versátil, têm dito “VALEU!”, “MUITO GRATO”, “MUITO AGRADECIDO”… enfim… coisas da linguagem “moderna”.
Por hoje, vale saber que a expressão MUITO OBRIGADO(A) sugere que a pessoa que recebeu está se sentindo na OBRIGAÇÃO DE RETRIBUIR O QUE RECEBEU, você já sabia disso?

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