segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Mossoró - Onda de violência mantém média de uma pessoa baleada há mais de 40 dias

 
Dados levantados junto a instituições oficiais do governo estadual apontam que a violência em Mossoró está longe de diminuir e que vem crescendo significativamente em todos os bairros da cidade, com ocorrências diárias que desmentem a versão do Estado, que insiste em repassar à população uma falsa redução nos crimes. 

Para se ter uma ideia, no mês de julho e nos 12 primeiros dias de agosto os bandidos voltaram a agir com bastante violência, onde 47 pessoas foram lesionadas à bala, em dezenas de tentativas de homicídio e homicídios propriamente ditos.

Das vítimas baleadas, 14 delas morreram e outras 31 sobreviveram, totalizando uma média de 1,09 pessoa atingida pela violência. Para a maioria dos delegados da Polícia Civil, responsáveis pelas investigações dos assassinatos e tentativas, o período é considerado um dos mais preocupantes.
"A violência em si não reduziu, pelo contrário, só aumentou. Porém o diferencial em se comparando a maio deste ano, o mais violento mês da história de Mossoró, o que aconteceu foi que a pontaria dos agressores não está muito afinada. Imagina só uma coisa: se todas as tentativas de homicídio tivessem terminado em morte, como não estaríamos agora? Felizmente trabalhamos com fatos reais e não com suposições", explicou um delegado.
O bacharel faz mais um alerta em relação à criminalidade e à forma no tocante como o governo vem se posicionando com relação às tentativas de homicídio. Ele acredita que a atitude do Estado em não querer divulgar os números dos crimes em Mossoró é uma estratégia equivocada e no mínimo antipática.
"Maquiar os acontecimentos, tentando esconder da população, não é a forma ideal, pelo contrário, tem que mostrar sim a realidade à população e encontrar um fórmula para combater o avanço dos marginais", destacou.

Segundo o delegado, existe uma pressão por parte da Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) em ocultar as informações à imprensa, por esse motivo é que ele quis ter o nome preservado, para evitar aborrecimentos futuros. "Se nós divulgamos os acontecimentos somos cobrados por isso. É bem verdade que nós delegados dispomos de algumas autonomias e repassamos os informes à sociedade, o que não acontece na PM, pois o Ciosp foi vedado de passar os acontecimentos", destacou.

Ainda de acordo com o delegado, a maioria das mortes e tentativas de homicídio gerados em Mossoró são provenientes de problemas ligados a drogas, associados a disputas de espaço para o tráfico, sem esquecer os casos que envolvem assaltos.

"É muito complicado apontar um expoente sobre os acontecimentos violentos, o que tem de ser feito é um combate ainda maior à criminalidade. Isso sim é o que devemos nos preocupar", concluiu. 

Subcomandante da PM diz que tentativas de homicídios preocupa a corporação
Em entrevista concedida ao jornal O Mossoroense, na última sexta-feira, o subcomandante da Polícia Militar de Mossoró, major Costa, disse que as frequentes tentativas de homicídios ocasionadas nos bairros tem causado muita preocupação à corporação que, mesmo diante das dificuldades enfrentadas, tem intensificado a ação policial.

Segundo repassou o major, a PM aumentou o efetivo das ruas em 23%, como também a quantidade de viaturas circulando diariamente. "Nós conseguimos reduzir significativamente o número de mortes, porém a violência continua solta, basta só olhar o número de atentados registrados na cidade. Pensando nisso começamos a combater ainda mais a criminalidade e vamos conseguir também êxito nessa empreitada", destacou o major.

Uma das ações implementadas foi o acréscimo de mais um policial em cada viatura, que antes circulava com dois PMs. "Essa medida tranquiliza mais os nossos homens, que passam a ter mais opção durante a ação", disse.

Ainda de acordo com o major Costa, o combate à violência tem de ser feito por todas as instituições ligadas à segurança, principalmente as equipes de investigação, responsáveis por apurar e elucidar os crimes.

"A segurança não é só de responsabilidade da polícia, é de todos os órgãos de segurança. Nós fazemos a parte ostensiva, mas a parte investigativa ainda tem muita dificuldade de trabalhar, basta só observar quantos criminosos estão presos pelos crimes que aconteceram este ano", concluiu o major Costa.

Bairros periféricos são os que mais sofrem com onda de violência
Assim como nos grandes centros urbanos do Brasil, onde a violência geralmente se desloca para áreas mais afastadas do centro, Mossoró não foge à regra. Os bairros periféricos são atingidos constantemente com ações criminosas, principalmente os que apresentam maiores concentrações de favelas, onde a presença policial nas ruas acontece com menos frequência.

Para se ter uma ideia, os acontecimentos registrados nos 12 primeiros dias deste mês, sendo quatro homicídios e nove tentativas, se passaram nos bairros Santo Antônio, Bom Jardim, Alto de São Manoel e na zona rural, onde foram encontradas duas ossadas humanas e o corpo de um adolescente de 15 anos.

Para a polícia, além dos locais serem considerados perigosos, mesmo durante o dia, a "lei do silêncio" ajuda aos criminosos a se manterem impunes, uma vez que ninguém se arrisca a colaborar com a polícia.

Os locais afastados são apontados como pontos estratégicos, devido os criminosos conhecerem detalhadamente as ruas e vielas, facilitando na hora da fuga.

OMossoroense via PC.

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